Vendedor do jornal "Aurora da Rua" |
"Aurora da rua" é um jornal publicado por uma comunidade de moradores de rua, chamada "Comunidade da Trindade", situado na av. Jequitaia, 165, casa 6, Cep.; 40460, Salvador(Ba). E-mail:contato@auroradarua. org. br
O jornal, como um ícone, tem um significado muito forte para o morador de rua, pois representa renda, coisa que não existe quando se vive na rua. O preço é vendido a R$1,00 em que 0,75 centavos pertencem ao vendedor e 0,25 centavos são destinados aos custos de produção.Assim, o jornal passa a ser instrumento de resgate da dignidade do morador de rua como um cidadão,porque ele não é um ser invisível no espaço urbano como normalmente a sociedade os considera. Está no mesmo nivel do "sino", outro signo, que congrega, que avisa o horário do almoço, da reza, da comunhão. Não existem sinos debaixo dos viadutos ou das marquises das avenidas centrais da cidade.
O que mais chamou a atenção ao grupo de pesquisa do IFBA são os signos verbais ou não verbais,presentes em diferentes gêneros textuais do jornal em que se evidencia uma matriz ideológica que legitima o dizer e o fazer desta comunidade. A linha de pesquisa: "linguagem, representação e poder", através do PINA, do PIBIC-junior, começou a estudar como ocorre o funcionamento discursivo na materialidade dos textos,cujas representações revelam uma busca da cidadania como utopia do homem- morador de rua.
Há, por exemplo, um número dedicado ao amor dos moradores de rua. Quando se enamoram, não têm como oferecer ao outro saúde, segurança, beleza, dinheiro, a não ser o afeto, o companherismo. Isto significa que eles têm muito a ensinar a nós todos que temos tudo o que lhes falta, mas não temos o amor no coração
A leitura do jornal em sala de aula tem provocado a própria pedagogia do ensino tradicional, baseado num esforço de memorização de cálculos e de fórmulas, desconhecendo a questão humana e social dos excluídos. O problema não é do governo, mas de toda a sociedade da qual fazemos parte.
Veja o quadro ao lado que está na sala onde todos almoçam na Igreja da Trindade, local ocupado pelos moradores de rua, na cidade baixa. Representa duas formas diferentes de fazer as refeições nas duas classes sociais: os ricos e os pobres. A parte de cima é um banquete, com fartura de alimentos, peru assado, mesa enorme, distanciamento das pessoas. Possui significados múltiplos, observe o tom róseo na cenografia. Na parte de baixo, estão os excluídos em torno de um panelão em que se misturam homens, mulheres e animais. Por que o tom da cenografia é azul-celeste? Estão com fome, mas isto não significa que estão infelizes.
Oi, prof. José. Já estou acompanhando seu blog.
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